O exercício intervalado de alta intensidade (HIIT) tem ganhado popularidade não apenas entre atletas, mas também como uma estratégia eficaz de treinamento para melhorar o desempenho físico e a saúde geral. Um aspecto crítico dessa prática, muitas vezes negligenciado, é o modo de recuperação utilizado entre os intervalos de exercício.
O Desafio do Exercício Intervalado: O Papel da Recuperação
O treinamento intervalado é uma das estratégias mais poderosas para melhorar o desempenho atlético, especialmente em esportes que exigem mudanças rápidas de velocidade e força. Esse tipo de exercício combina períodos curtos de esforço intenso, como sprints, com intervalos de descanso. Embora o treinamento de alta intensidade seja eficaz para aumentar o VO2 máximo, melhorar a resistência muscular e até promover a queima de gordura, o tipo de recuperação realizado entre os períodos de esforço pode influenciar diretamente o desempenho durante a sessão.
Em geral, a recuperação pode ser classificada de duas formas: ativa (AR), que envolve um exercício de baixa intensidade, como uma caminhada ou pedalar devagar, e passiva (PR), que envolve descanso completo, com o objetivo de permitir uma recuperação mais eficiente dos sistemas energéticos. Há também a combinação de recuperação ativa e passiva (CR), uma abordagem híbrida que busca otimizar os benefícios dos dois tipos de recuperação. A questão levantada por esse estudo é simples, mas crucial: o modo de recuperação afeta de fato o desempenho durante os exercícios intervalados repetidos?
Metodologia do Estudo: Comparando Modos de Recuperação Durante Exercício Intervalado
O estudo foi conduzido com 16 homens saudáveis, todos com idades médias de 20 anos e um bom condicionamento físico (VO2 máximo de 44.9 ml.kg-1.min-1). Os participantes realizaram três sessões de treino utilizando um erômetro de remo, um equipamento que simula o movimento de remo, no qual foram realizados quatro sprints de 30 segundos cada, com 4 minutos de recuperação entre os sprints. Durante cada sessão, os participantes realizaram o mesmo treino, mas com diferentes tipos de recuperação: passiva, ativa e uma combinação dos dois. As medições foram feitas para monitorar o VO2, a distância percorrida, a potência mecânica e a percepção do esforço, entre outros parâmetros.
O Que os Resultados Revelam?
Os resultados do estudo não encontraram diferenças significativas entre os três modos de recuperação em relação ao VO2, distância percorrida e potência mecânica gerada pelos participantes. Em termos de VO2, um indicativo da intensidade do esforço cardiovascular, não houve variação relevante entre os modos de recuperação passiva (PR), ativa (AR) e combinada (CR). Os valores médios de VO2 foram muito próximos, com os valores de 42,96 ml.kg-1.min-1 para a recuperação passiva, 43,53 ml.kg-1.min-1 para a recuperação ativa, e 43,61 ml.kg-1.min-1 para a recuperação combinada. Isso sugere que, independentemente do modo de recuperação, o esforço cardiovascular mantinha-se consistente ao longo da sessão.

Além disso, a distância percorrida durante os sprints não apresentou grandes variações. O grupo com recuperação passiva percorreu uma média de 149,8 metros por sprint, enquanto o grupo com recuperação ativa percorreu 152,6 metros e o grupo com recuperação combinada percorreu 147,4 metros. A diferença foi pequena e não significativa, o que indica que o tipo de recuperação não afetou o desempenho em termos de distância.
A potência mecânica também permaneceu constante entre os diferentes tipos de recuperação, com os valores de 369,2 W para a recuperação passiva, 376,3 W para a recuperação ativa e 362,5 W para a recuperação combinada. Esses dados sugerem que, em termos de produção de potência durante os sprints, o tipo de recuperação utilizado não afetou a capacidade dos participantes de manter o desempenho.
Conclusão: A Recuperação Passiva Não Deixa a Desejar
Os resultados deste estudo têm implicações significativas para a prática do treinamento intervalado, especialmente para aqueles que se dedicam a melhorar o desempenho em atividades como remo ou outras modalidades que envolvem sprints de alta intensidade. A principal conclusão é que o modo de recuperação, seja passivo, ativo ou combinado, não influencia de forma substancial o desempenho durante os exercícios intervalados repetidos. Isso sugere que períodos de recuperação de 4 minutos são suficientes para restaurar a potência e o desempenho, independentemente do tipo de recuperação.
Portanto, os treinadores e atletas podem optar por um modo de recuperação que se ajuste melhor às preferências pessoais ou aos objetivos de treino, sem se preocupar com uma diferença significativa no desempenho entre os modos. Além disso, a flexibilidade na escolha do tipo de recuperação pode ajudar a manter a intensidade e o volume do treinamento ao longo do tempo, sem comprometer os resultados.
Citação principal
Original Article Influence of recovery mode on performance during sprint interval exercise
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