Desempenho Aeróbico de Jogadoras de Futebol: Uma Análise da Relação Entre a Capacidade Aeróbica e a Posição Tática no Jogo

O desempenho atlético no futebol depende de diversas variáveis fisiológicas, sendo uma das mais importantes a capacidade aeróbica, frequentemente medida pelo consumo máximo de oxigênio (VO2máx).

No contexto do futebol, é comum acreditar-se que diferentes posições táticas exigem demandas fisiológicas distintas. Por exemplo, enquanto um atacante pode ser mais exigido em sprints rápidos e explosivos, um meio-campista pode ter que sustentar corridas longas durante todo o jogo. Essa diferenciação no esforço físico leva a uma questão interessante: será que jogadores que atuam em diferentes posições táticas possuem diferenças no seu consumo máximo de oxigênio?

A Investigação: Como foi Conduzido o Estudo?

O estudo contou com a participação de 18 jogadoras de futebol profissionais, com uma média de idade de 19,1 anos, divididas em quatro posições táticas: zagueiras (3 atletas), laterais (4 atletas), meio-campistas (5 atletas) e atacantes (6 atletas). Essas jogadoras foram avaliadas em termos antropométricos (peso e altura) e também passaram por um teste de consumo máximo de oxigênio utilizando o Yo-Yo intermittent recovery test, um protocolo amplamente utilizado para medir a capacidade aeróbica de atletas em diversos esportes.

Resultados: A Surpreendente Igualdade de Desempenho

O que o estudo revelou foi, de certa forma, surpreendente. Embora se esperasse uma variação no VO2máx com base nas exigências táticas das diferentes posições, não houve diferença estatisticamente significativa nos valores de consumo máximo de oxigênio entre as jogadoras das quatro posições táticas analisadas.

As jogadoras de todas as posições (zagueiras, laterais, meio-campistas e atacantes) apresentaram valores similares de VO2máx, o que sugere que, ao menos para essas atletas específicas, as exigências aeróbicas de cada posição tática no campo podem não ser tão distintas quanto se pensava. A média de consumo de oxigênio durante o teste foi praticamente a mesma entre as atletas, independente de estarem atuando na defesa, no meio de campo ou no ataque.

O Que Isso Significa para o Futebol feminino e o Treinamento das Atletas?

Esse estudo sugere que as diferenças entre as posições podem não ser tão pronunciadas em termos de VO2máx quanto se imaginava. Isso pode indicar que, apesar das especificidades de cada posição, as jogadoras de futebol, em geral, possuem um nível de preparo aeróbico bastante homogêneo, o que pode ser devido ao tipo de treinamento e à intensidade do jogo, que exige de todas elas um nível significativo de resistência cardiovascular.

Outro ponto interessante é que, independentemente da posição tática, as jogadoras de futebol devem manter um nível elevado de capacidade aeróbica para conseguir desempenhar bem durante os 90 minutos de jogo. Isso sugere que o treinamento físico das jogadoras de futebol deve se focar na capacitação aeróbica geral, ao invés de se concentrar apenas em posições específicas. Todos os atletas do time precisam ser capazes de sustentar um alto nível de desempenho físico, independentemente de sua função no campo.

Limitações do Estudo e Sugestões para Futuras Pesquisas

Embora os resultados desse estudo não tenham mostrado diferenças significativas no VO2máx entre as posições táticas, é importante considerar algumas limitações que podem influenciar a interpretação dos dados. Em primeiro lugar, a amostra foi relativamente pequena (apenas 18 jogadoras), o que pode limitar a generalização dos resultados para toda a população de jogadoras de futebol. Além disso, o estudo não levou em consideração outros fatores que podem influenciar o desempenho aeróbico, como o nível de treinamento específico das jogadoras ou as características individuais de cada atleta.

Futuras pesquisas poderiam ampliar a amostra, incluir jogadoras de diferentes faixas etárias e também considerar outros aspectos fisiológicos, como a eficiência do uso de oxigênio ou a recuperação pós-exercício. Além disso, seria interessante investigar a relação entre o VO2máx e o desempenho durante partidas reais, para verificar como essa variável influencia o desempenho prático das jogadoras nas condições de jogo.

Implicações para o Futebol Feminino

Em resumo, este estudo mostrou que não há diferenças significativas no consumo máximo de oxigênio entre jogadoras de futebol de diferentes posições táticas. Isso pode sugerir que o treinamento físico para atletas femininas de futebol, independentemente da posição que ocupam, deve priorizar a capacidade aeróbica geral, preparando todas as jogadoras para os desafios físicos impostos por essa modalidade.

Citação principal

https://www.researchgate.net/publication/330535632_Comparative_analysis_of_maximum_aerobic_power_in_football_players_according_to_the_positions_of_the_game_system

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